O povo judeu, tendo sobrevivido por milhares de anos nas circunstâncias mais adversas, incluindo o Holocausto, hoje é ameaçado por casamentos mistos e assimilação. As comunidades judaicas durante toda a diáspora estão vivendo um declínio demográfico.

Por que isso acontece? Há algo que pode ser feito para reverter essa tendência ? O desafio específico que os judeus enfrentam atualmente é como a identidade judaica pode ser mantida em uma sociedade aberta e secular. O maior perigo é a falha em reconhecer que os tempos mudaram e que, em conseqüência, as prioridades comunais também precisam mudar.

Os tempos mudaram, e estamos começando a sentir o quão súbita e radicalmente eles mudaram. Crescemos acostumados a uma situação na qual a identidade judaica era passada através das gerações por hábito, memória, eventos externos e um inescapável senso de que judeus é o que somos.

Fomos surpreendidos pela descoberta de que para nossos filhos, ser judeu é nada mais que uma questão de escolha. Eles sabem que podem escolher de forma diferente, se não para si mesmo, então para seus filhos. Escolherão ser judeus por uma única razão, que conhecendo o drama da história judaica, a riqueza da vida judaica, a dignidade da ética judaica, e a majestade da fé judaica, eles estão orgulhosos de serem judeus.

Existe apenas um argumento irrefutável contra o casamentos mistos, que é este: Ser judeu é ser membro do povo da aliança, herdeiro de uma das fés mais antigas, persistentes e inspiradores de reverência do mundo. Significa herdar um modo de vida que granjeou a admiração do mundo pelo seu amor à família, sua devoção a educação, sua filantropia, sua justiça social e sua dedicação infinitamente leal a um destino inimitável.

Deve-se saber que este estilo de vida, passado de pais para filhos desde os dias de Avraham e Sara, pode ser sustentado apenas pela família judaica, e sabendo-se disso, deve-se escolher continuar, criando um lar judaico e tendo filhos judeus. Nenhuma pessoa que tenha sido tocada pelas asas da eternidade do judaísmo quebraria de boa vontade este elo entre o passado e o futuro judaico. Isso, e somente isso, assegurará que teremos netos judeus.

Como podemos conseguir isso ? Desde o início, eu sabia que este seria o maior desafio de meu Rabino Mor, e o maior desafio que a diáspora atualmente enfrenta como um todo. Apesar do fato de o âmago do problema estar na educação, o processo de aculturação já está muito avançado para que esta seja nossa única reação. Muitos de nossos filhos freqüentam, e no futuro continuarão frequentando, escolas não judaica.

Existe a questão daqueles que deixaram a escola e talvez tenham ido à universidade, ou que já deram início a suas carreiras. Há o problema de educar os pais, bem com os filhos, pois ganharemos se nossas crianças ouvirem uma mensagem na escola e outra, conflitante, em casa ? E quanto aos muitos contextos sociais nos quais os jovens judeus podem permanecer sendo judeu e que não são basicamente educacionais, como nos clubes para jovens, amigos, locais de encontro, organizações e eventos sociais ? De que forma isso ajudará se não fizermos de nossas sinagogas genuínos centros de comunidade, calor humano, boas vindas e acolhimento?

Uma vasta política global é necessária, focada no aprendizado, porém deve ser mais abrangente que qualquer coisa normalmente associada com a palavra “educação”. Será difícil. Mas será possível, se estivermos preparados para mudar nossas prioridades porque os tempos mudaram. Dois fatores poderiam sabotar uma solução. O primeiro é o desespero, ao qual devemos resistir a todo custo. Se acreditarmos que nada pode ser feito, então nada será feito. O povo judeu jamais cedeu ao desespero no passado, e agora não é hora de começar.

O segundo fator seria uma falha em entender que os tempos mudaram. Deixe-me admitir sinceramente que não freqüentei escolas judaicas. Meus pais também não. Minha geração, e aquela de nossos avós, não precisavam de educação judaica intensiva para lembrar que somos judeus. Mas nossos filhos pertencem à Quarta geração. O que foi suficiente para nós não basta para eles. Na Quarta geração, o judaísmo precisa ser renovado, ou então será abandonado. Não há outra alternativa.

Não somos nossos pais, e nossos filhos não são nós. Nossos pais procuraram dar-nos coisas que não tiveram na infância: conforto material, uma boa educação secular, a chance de Ter uma profissão. Tentaram dar-nos as oportunidades que ele próprios perderam. Por nossa vez, devemos tentar proporcionar a nossos filhos aquilo de que carecemos, ou seja, a chance de experimentar, viver, e entender nosso legado judaico. Este é o desafio.

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