por Dr. Simão Arão Pecher (*)

Quinhentos anos se passaram entre a instalação da Inquisição na Europa e na América Latina, no final do século quinze e o nazismo na Europa no século vinte. Quem lucrou com estes dois movimentos tão catastróficos contra o povo judaico? As desculpas eram a Santa Fé do Catolicismo e a raça ariana do Nazismo. Há coincidências entre elas, de um lado, o fanatismo religioso e, do outro, a raça alemã nórdica pura, ambas com o objetivo maior de exterminação dos judeus, principalmente, na Europa. Assim como o Santo Ofício, o Nazismo quis a usurpação principalmente dos bens materiais, como também os religiosos e morais do povo judaico. Todos os inquisidores, seus colaboradores e acusadores usurparam muito bem as propriedades, joias e dinheiro daqueles que eles chamavam de hereges, pois os que delatavam ficavam com cinco até vinte por cento dos bens e os inquisidores com o restante, dividindo com o Estado. Estes se tornaram mais ricos do que aqueles que gastaram seu suor para adquiri-los. Os nazistas guardaram suas fortunas usurpadas em bancos de países neutros antes e durante a Segunda Grande Guerra Mundial.

Na Idade Média não havia livre arbítrio, somente o credo religioso católico imperava na Europa. Praticamente não havia revolta contra a Inquisição nem na Europa e nem na América Latina. Pouquíssimos levantes haviam na Inquisição e no Nazismo, pois eram logo exterminados. A Inquisição perseguiu a cultura, a riqueza e o misticismo dos povos pré-colombianos, aprisionando-os e matando-os principalmente no México e no Peru, onde haviam civilizações bem estabelecidas. No México habitavam os Astecas, os Olmecas, os Toltecas, os Maias, os Casagrandes e outros e, no Peru e Colômbia, os Incas. Muito ouro e prata foram levados para os reinados da Península Ibérica. Em Cartagena, na Colômbia, muitos comerciantes judeus e judaizantes (cristãos-novos) tiveram seus bens usurpados em nome da Inquisição. Não só os comerciantes, mas também os médicos e outras pessoas cultas perderam seus bens, sendo torturados e mortos, acusados de serem simpatizantes da influência holandesa, além de professar outra religião que não a católica hispano-portuguesa.

Trezentos anos após os Tribunais da Inquisição começaram a desaparecer, tanto na Europa como na América Latina, devido a mudança do governo político da Espanha e da Independência do México. Após a liberdade do Peru, em 1813, houve um movimento popular que destruiu e queimou em praça pública as máquinas de tortura e os papéis com os nomes das pessoas catalogadas e em Cartagena, na Colômbia, na mesma época a Inquisição cessou sua atividade. No Brasil ela terminou com o decreto das Cortes Constituintes portuguesas em 1821.

As Américas são o habitat do sincretismo religioso, pois os povos pré-colombianos e indígenas, os judeus e africanos se fundiram com descendentes de europeus excepcionalmente no âmbito popular.

Durante o Nazismo na Europa, não só os judeus foram perseguidos, torturados e mortos, como também os ciganos e outros povos semitas. A semelhança e coincidência destas perseguições contra o povo hebreu é flagrante, pois na Inquisição havia túnica (sambenito) com emblemas identificando os hereges até serem julgados, torturados e mortos, e no Nazismo, o uso obrigatório da estrela de David pregada em suas vestes e do pijama listrado usados nos campos de concentração e extermínio, onde aconteciam as torturas, as experiências pseudocientíficas e matança daqueles que nada fizeram de errado para a humanidade. Pelo contrário, trouxeram através dos cinco mil anos de existência o esplendor, o misticismo e a cultura na fé em um único D’us, Onipotente, Onisciente e Criador do universo que outorgou ao povo hebreu os Seus DEZ MANDAMENTOS e a Santa Torah (Os cinco primeiros livros da Bíblia) que são aceitos pelas três religiões ocidentais, a saber, a judaica, a católica e a evangélica.

(*)Simão Arão Pecher é médico, membro da Academia Brasileira de Médicos Escritores (ABRAMES) e ex-Professor de Dermatologia e Alergia da Universidade Federal do Amazonas.  (simaopecher@yahoo.com.br)

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